Por volta das 21h de ontem, quinta-feira, dia 30 de novembro, o corpo
clínico do Hospital Nossa Senhora da Saúde decidiu pela paralisação da
instituição, recusando a proposta para manter a instituição funcionando.
Desta maneira, a partir de hoje, dia 1º de dezembro, novos pacientes não
estão sendo aceitos pelo hospital. “Lamentamos muito a paralisação,
apesar de entendermos a situação do corpo clínico, que está há mais de
dois meses sem receber. Mas continuaremos nossos esforços para conseguir
mais recursos não apenas para o Nossa Senhora da Saúde, mas para toda a
macrorregião de saúde de Diamantina. E, neste momento, já estamos
trabalhando para organizar o fluxo de pacientes e evitar maiores danos a
nossa população”, afirmou o prefeito de Diamantina, Juscelino Brasiliano
Roque, que também é presidente do Consórcio Intermunicipal de Saúde do
Alto Jequitinhonha (CISAJE).
Durante todo o dia de ontem, por iniciativa de Juscelino Roque, foram
feitas reuniões para apresentar a alternativa de manter a instituição de
saúde funcionando até o dia 31 de janeiro. A ajuda emergencial foi
acertada com prefeitos da região, que se comprometeram a repassar
recursos para o custeio do hospital referentes a dois meses. A partir
daí, a contrapartida era que o Estado assumisse sua parcela de
responsabilidade na ajuda ao hospital. O secretário de Estado da Saúde,
Sávio Souza Cruz, informou que, a partir de janeiro, o governo teria
aporte de recursos. Essa afirmação foi feita a 32 prefeitos, secretários
municipais de saúde, vereadores, diretores do hospital, no último dia
28, durante reunião na Cidade Administrativa. O desafio, então, era
conseguir chegar até o início do ano que vem.
“Nossa proposta era manter o hospital funcionando até janeiro. A partir
daí, se não fosse apresentada uma solução pelo Estado, e não um
paliativo, o fechamento da instituição ocorreria no dia 1º de fevereiro
de 2018 e seria uma decisão não apenas mais da Irmandade Nossa Senhora
da Saúde com o seu corpo clínico e demais diretorias técnicas, mas
também do prefeito de Diamantina, do Ministério Público e com a anuência
da Superintendência Regional de Saúde”, declarou o diretor
administrativo do hospital, Dalgésio João dos Santos.
NEGOCIAÇÃO
Essa proposta formulada na manhã de ontem, no gabinete do prefeito, com
anuência de diretores da instituição de saúde e do seu corpo clínico,
além de outras autoridades do município, foi apresentada em uma nova
reunião às 15h de ontem, no hospital. Estavam presentes o presidente da
Irmandade Nossa Senhora da Saúde, Dom Darci Nicioli; a provedora da
instituição, Themis Mandacaru; o corpo clínico e diretorias do hospital;
o reitor da UFVJM, Gilciano Saraiva; representantes da Santa Casa de
Caridade; secretários municipais de saúde, representantes do governo do
Estado na área da saúde da região; vereadores; entre outras autoridades.
DECISÃO DO CORPO CLÍNICO
Depois de cerca de três horas debate, a maioria dos presentes se
manifestou favorável à proposta, inclusive alguns médicos, mas o corpo
clínico decidiu fazer uma votação em separado. E, por volta das 21h de
ontem, os médicos definiram que manteriam a paralisação. Eles estão com
os salários atrasados e reclamam de falta de condições de trabalho.
Conforme a direção do hospital, eles falaram que só retornam às
atividades com a quitação dos vencimentos, totalizando R$ 1,2 milhão.
CONSEQUÊNCIAS
Na reunião, as autoridades do município alertaram que a paralisação
traria graves implicações para Diamantina. Uma delas é a transferência
do teto de saúde de Diamantina para outros municípios, que passam a
receber o fluxo de atendimento das especialidades médicas até então
oferecidas pelo Nossa Senhora da Saúde. O secretário de Saúde de
Diamantina, Rogério Pontes, ressaltou que, se isso ocorrer, será muito
difícil reaver esse recurso posteriormente. A paralisação do hospital
coloca em risco, inclusive, a condição de macro de saúde de Diamantina,
ameaçando diversas atividades no setor no município, inclusive o curso
de medicina.
PLANO DE AÇÃO
Toda a rede de saúde de Diamantina e região está agora mobilizada para
estabelecer o fluxo de atendimento, organizar o transporte de pacientes,
além de ações para evitar que a paralisação se prolongue. Diamantina já
está trabalhando, inclusive, para conseguir o aumento do teto de saúde,
o que deve ocorrer em breve, segundo Rogério Pontes. “Já solicitamos ao
Ministério da Saúde um aporte para que eleve o teto de Diamantina e já
há uma promessa do órgão para atender a esta solicitação e estamos
cuidando dos trâmites burocráticos”, informou o secretário municipal de
Saúde.
Neste ano, ao assumir a Prefeitura de Diamantina, Juscelino Roque
articulou, junto com a Irmandade Nossa Senhora da Saúde e a Santa Casa
de Caridade, a unificação da administração das entidades. A Santa Casa
de Caridade, da qual Juscelino Roque foi provedor por 15 anos, sempre
conseguiu manter suas contas em dia. A paralisação do Hospital Nossa
Senhora da Saúde afeta diretamente o atendimento da Santa Casa, que
também está se organizando para receber pacientes.
HISTÓRICO
O Hospital Nossa Senhora da Saúde é referência em várias especialidades
médicas para uma população de cerca de 500 mil pessoas, sendo que 92% do
seu atendimento é feito pelo SUS. A instituição amarga uma dívida de R$
18 milhões, fruto do histórico de má gestão e falta de aportes
financeiros, apesar dos serviços de excelência prestados pela
instituição.
FONTE: ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA PREFEITURA DE DIAMANTINA