O Ministério Público de Minas Gerais divulgou nesta sexta-feira, 27, o apoio a um projeto que visa a reabilitação da saúde física e mental de galos utilizados em combates (rinhas) e que foram apreendidos em fiscalizações coordenadas por promotores. Segundo a instituição, o melhor exemplo está vindo de Formiga, no Centro-Oeste de Minas. onde o trabalho para recuperar os animais vem sendo desenvolvido em uma parceria entre o MPMG, por meio da Coordenadoria Estadual de Defesa da Fauna (Cedef) e da 4ª Promotoria de Justiça de Formiga, o Centro Universitário de Formiga (Unifor) e a Associação Regional de Proteção Ambiental (Arpa II) de Divinópolis.
A instituição não informou se o programa será levado a outras cidades de Minas Gerais onde as brigas de galo são registradas. É o caso de Capelinha, por exemplo, onde a prática tem adeptos.
A coordenadora da Cedef, promotora de Justiça Luciana Imaculada de Paula, ressalta que a destinação desses animais tem sido um desafio para os órgãos públicos envolvidos no combate à prática e, não raro, eles são abatidos por falta de opção. Assim, o projeto apresenta-se como uma solução mais humanista e compassiva para a questão.
Animais são sobmetidos a abusos e maus-tratos
Parecer técnico da Central de Apoio Técnico do MPMG apontou os inúmeros abusos e maus-tratos a que os animais são submetidos para que se tornem violentos e aptos a participarem das lutas. Na maioria dos casos, eles são mantidos em gaiolas pequenas e individuais, sem alimento e água e em más condições de conforto, de forma a aumentar o estresse e deixá-los mais violentos. Eles são frequentemente encontrados mutilados, com diversos ferimentos e com áreas sem penas, resultado dos treinamentos ou dos combates.
O documento detalha ainda a dinâmica das rinhas, as raças mais frequentemente utilizadas e as consequências à saúde dos galos, especificando os graus de lesões físicas e psíquicas. Também é abordado o comportamento dos animais antes, durante e após os combates e os respectivos indicadores de seu estado emocional, além da destinação que deve ser dada a eles para efeito de ressocialização.
No protocolo desenvolvido e testado com sucesso em dezenas de aves pelo professor Dênio Garcia, do Unifor, elas passam por uma quarentena, que inclui triagem, ressocialização e readaptação, antes de serem devolvidas ao campo.
Na sequência, as aves (chipadas e anilhadas) são doadas a proprietários rurais que tenham interesse em melhorar seu plantel. Os proprietários são selecionados através de programas de agricultura familiar cadastrados na Emater ou entre aqueles que tenham interesse e assinem um termo de adoção contendo todos os dados de identificação da ave e do adotante, bem como suas obrigações.
Monitoramento das aves e educação ambiental
Durante um ano, as aves serão monitoradas para medição da eficiência da técnica adotada e subsídio ao aprimoramento das técnicas em futuros experimentos. O programa inclui ainda a educação ambiental, com a inclusão das comunidades, sobre a importância dos trabalhos de ressocialização, reintrodução e reabilitação.
Entre os resultados esperados estão a adaptação de pelo menos 50% da população submetida aos experimentos; a análise da eficiência reprodutiva das espécies submetidas aos experimentos; o incentivo à importância da criação consciente de galos combatentes; a obtenção de tecnologia com os resultados positivos alcançados, no intuito de aplicar essa tecnologia; criação e confecção de uma cartilha com informações de criação responsável de galos combatentes; conscientização da comunidade, através da educação ambiental, de sua importância na preservação da espécie, garantindo assim um patrimônio genético importante para a sobrevivência da própria espécie no futuro.