O sonho de ser mãe, acompanhado por uma gravidez de risco, foi o gatilho que Raquel Hirle dos Santos precisava para ter seu próprio negócio. Depois de trabalhar anos no setor administrativo de uma grande rede de farmácias em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, a empreendedora abriu mão do emprego formal para se dedicar à pequena Liz, de 1 ano e seis meses.
Raquel sempre gostou do mercado de festas e decoração, fazia bolos e organizava eventos para os amigos. Mas foi em dezembro de 2019, um mês após o nascimento da filha, que ela resolveu criar a Quitutes e Mimos. A empreendedora decidiu não ter mais filhos por causa da gestação complicada e, assim que a licença-maternidade acabou, resolveu investir no próprio negócio.
“Decidi que valia a pena ficar em casa para cuidar da minha única filha. E foi assim que nasceu o negócio. Comecei a pegar encomendas para o Natal e a divulgar os serviços, mesmo tendo um bebê, que demanda muito tempo. Até pensei em atuar com decoração, mas, justamente por conciliar trabalho e maternidade, decidi ficar só com a produção de doces e bolos”, conta.
O negócio é uma extensão da casa da empreendedora, que tem produtos variados em seu portfólio. E, junto com o desafio de ser mãe, dona de casa e do próprio negócio, Raquel ainda teve que lidar com as incertezas geradas pela pandemia da covid-19.
“Quando saí do emprego formal, não esperava que viesse uma pandemia. Isso atingiu muito o setor, porque as pessoas deixaram de fazer festas. Os pedidos diminuíram bastante e o movimento não está como eu esperava. Antes, um cliente pedia um bolo para 50 pessoas, agora encomenda um bolo para oito”, enfatiza.
A divulgação dos produtos é feita pelas redes sociais. Apesar do cenário difícil, a empreendedora recebe cerca de 20 encomendas por mês. Nas datas comemorativas, esse número triplica. Para o Dia das Mães, por exemplo, Raquel criou kits especiais e espera atender cerca de 50 clientes.
“A pandemia impactou as vendas no comércio em geral, mas estou prosseguindo e acredito que vamos superar esse momento. Quando isso passar, a tendência é que as coisas melhorem. Tenho o privilégio de continuar trabalhando mesmo com movimento menor e tem sido uma oportunidade de crescimento profissional e organização para mim. Aos poucos, estou conseguindo uma boa clientela”.
Capacitações e inovação
Raquel é formada em Administração e usa sua experiência profissional para gerir seu negócio. Ano passado, ela inovou fazendo sacolinhas com produtos típicos das festas juninas. “Como as festas não foram realizadas por causa da pandemia, fiz as comidas típicas embaladas em sacolinhas decoradas. Houve uma boa aceitação e é uma proposta que eu tenho para este ano também”, disse.
Apesar de não ser uma tarefa nada fácil conciliar tantas atividades, Raquel garante que vale muito a pena. O conselho dela para mães que querem empreender é investir em cursos, como os do Sebrae Minas, e estar em constante atualização para aprimorar o conhecimento.
“Não é fácil empreender. Há meses em que você vai vender muito, em outros não. Mas, vale a pena, principalmente se você é mãe e quer ficar mais tempo com os filhos. Acima de tudo, a pessoa tem de escolher uma área de que goste e buscar o aperfeiçoamento”, finaliza.
Empreendedorismo Feminino
De acordo com informações do IBGE, no Brasil os homens dedicam 11 horas semanais para os afazeres domésticos, enquanto as mulheres chegam a 21,4 horas. Mesmo com a dupla jornada, ou tripla, no caso das mães, elas ainda encontram no empreendedorismo a chance de alcançarem sua independência financeira e ajudar, quando não garantem sozinhas, o sustento da família.
Segundo dados do Relatório Especial Empreendedorismo Feminino no Brasil, realizado pelo Sebrae e publicado em março de 2019, 47,6% dos microempreendedores individuais são mulheres e ocupam predominantemente atividades relacionadas à beleza, moda e alimentação. Além disso, 40,1% iniciaram no empreendedorismo porque buscavam uma fonte de renda.