O grupo que praticava golpes financeiros contra mais de 50 mil vítimas oferecia lucro de até um “octilhão” de reais e 350 “bilhões de centilhões” de euros para “investidores”. Eles usavam uma teoria da conspiração, apelidada de “Nesara Gesara”, para justificar os altos lucros. Nesta quinta-feira (30), a Polícia Civil deflagrou uma nova fase da operação que investiga o caso (veja detalhes abaixo).
Os valores, no entanto, são fantasiosos e sequer existem financeiramente. A reportagem conversou com economistas, que explicaram que não é possível alcançar tais quantias.
Um octilhão de reais tem quantos zeros?
O economista e professor Cesar Bergo, da Universidade de Brasília (UnB), explica que, ainda que fossem reunidas as riquezas de todos os países do mundo, não chegaria nem perto dos valores prometidos pelos golpistas.
“É tipo prometer um terreno na lua. Você pode comparar com o PIB, que é a riqueza dos países. Se você pegar China e Estados Unidos, que são as duas potências econômicas, o PIB vai chegar à faixa de 40 trilhões de dólares”, diz Bergo.
O economista explica ainda que, no mundo dos investimentos, há alguns golpes que oferecem até 400% de retorno. “Esses golpes, que são caso de polícia, são mais modestos do que este caso”, diz ele.
De acordo com o economista Marcelo Botelho, da Universidade de São Paulo (USP), “um octilhão de reais” seria equivalente a 1 seguido de 9 conjuntos de três zeros (ou 27 zeros no total).
“Hoje existe no mercado mundial 10 trilhões, 620 bilhões, 833 milhões de euros. Para se ter uma ideia, 350 bilhões de centilhões de euros, seria equivalente a 350 seguido por 87 conjuntos de três zeros, algo inimaginável”, explica Botelho.
O economista aponta que o valor prometido pelos golpistas em euro é 19 mil vezes mais do que existe da moeda do mundo.
Investigação
Segundo a Polícia Civil do Distrito federal, o grupo movimentou R$ 156 milhões em 5 anos, além de criar 40 empresas “fantasmas” e movimentar mais de 800 contas bancárias suspeitas. A Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira, uma nova fase da operação.
Nesta fase da operação, os policiais cumpriram 16 mandados de busca e apreensão contra os principais membros em atividade no Distrito Federal e seis estados: Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraná, Santa Catarina e São Paulo.
Também são cumpridas medidas cautelares de bloqueio de valores, bloqueio de redes sociais e decisão judicial de proibição de utilização de redes sociais e mídias digitais.
A Polícia Civil afirma que o grupo é composto por 200 integrantes, incluindo dezenas de pastores. A investigação aponta que os investigados prometiam retorno “imediato e rentabilidade estratosférica”.
Segundo o delegado responsável pelo caso, Marco Aurélio Sepúlveda, os golpistas recebiam dinheiro dos “investidores” diariamente. O delegado explicou que as vítimas compravam “cotas” oferecidas pelos criminosos com a promessa de que o dinheiro investido geraria lucros muito grandes no futuro.
FONTE: G1