De julho de 2016 a abril de 2018, por conta de uma política que atrela os preços dos derivados de petróleo ao mercado internacional, o governo de Michel Temer promoveu 216 reajustes da gasolina e do óleo diesel. Nos últimos 30 dias, os aumentos foram quase diários. O gás de cozinha também vem sofrendo sucessivos reajustes, prejudicando, principalmente, as famílias mais pobres. Em Minas Gerais, por exemplo, por conta desses reajustes, 20% das famílias, empobrecidas, já teriam trocado o gás por carvão a lenha.
As denúncias foram feitas durante audiência pública da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) ocorrida no dia 30/05/2018. Convocada para debater os reflexos da política de preços e da produção da Petrobras sobre a sociedade mineira, a audiência reuniu parlamentares e dirigentes sindicais, sobretudo da categoria dos petroleiros.
TEMER
Os participantes criticaram a política adotada pelo governo Temer e pelo ex-presidente da estatal, Pedro Parente, denunciando que a decisão de fechar refinarias e reduzir a produção nacional de derivados de petróleo, priorizando a importação de gasolina e óleo diesel, privilegia os grandes investidores em detrimento da população brasileira.
As escolhas do governo, segundo eles, não podem ser desvinculadas do cenário internacional e dos interesses das grandes petrolíferas estrangeiras. “Privatizam os lucros e socializam os prejuízos”, denunciou João Santiago, diretor do Sindicato dos Economistas de Minas Gerais.
APAGÃO
O coordenador do Sindipetro-MG, o sindicato dos petroleiros do Estado, Anselmo Braga, lembrou que o ex-presidente da Petrobras, Pedro Parente, também foi responsável pela política de energia do governo Fernando Henrique Cardoso, que gerou sucessivos apagões.Para o coordenador do Sindipetro, o Brasil taxa seus produtos como se fossem importados. “O Brasil é o único país que taxa os próprios produtos como taxa os produtos importados”, denunciou.
Devido a essa política, 40% do combustível consumido hoje, no Brasil, é importado, a maior parte dos EUA. “O governo está sucateando as refinarias, para justificar a venda do nosso patrimônio. É mais um golpe contra a população”, protestou. “Estamos importando 600 mil barris/dia, quando poderíamos estar exportando 200 mil/dia se todas as refinarias estivessem funcionando”, afirmou.
DOLARIZAÇÃO
Carlos Wagner Costa Machado, técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), afirmou que a política de dolarização deixa o país extremamente vulnerável ao que acontece no mundo e às oscilações de preço no mercado internacional. No governo Temer, disse, 129 empresas, a maior parte estrangeiras, ligadas a petrolíferas internacionais, foram autorizadas a realizar importações de derivados de petróleo, favorecendo os acionistas privados.
AUMENTOS
O autor do requerimento para realização da audiência, deputado Rogério Correia (PT), criticou a decisão da Petrobras de promover, em plena crise, mais um aumento no preço da gasolina, de 0,74%. Por fim, lembrou que no governo Dilma a gasolina custava R$ 2,60. “Hoje, o combustível está a mais de R$ 5,00 e com briga nos postos”, afirmou.
O deputado Doutor Jean Freire (PT), por sua vez, disse que esteve com caminhoneiros autônomos parados nas rodovias. “Quando eles viram que quem estava recebendo os bônus dos acordos com o governo eram os patrões, decidiram que não interromperiam a greve”, disse.
FONTE: ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE MINAS GERAIS
FOTO: SARAH TORRES/ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE MINAS GERAIS